domingo, julho 30, 2006

História da Região de Campo Grande - RJ


Inicialmente, a extensão de terras que vai do Rio da Prata até Cabuçu, que hoje corresponde à Região de Campo Grande, era habitada por índios Picinguaba. Após a fundação da Cidade, em 1565, esse território passou a pertencer à grande Sesmaria de Irajá. Desmembrada desta em 1673, a área foi doada pelo governo colonial a Barcelos Domingues e, no mesmo ano, foi criada a Paróquia de N. Sa. do Desterro, marco histórico da ocupação territorial da Região.

Antes de a Freguesia Rural de Campo Grande começar a prosperar, sua ocupação foi influenciada pela antiga fazenda dos jesuítas, em Santa Cruz. Inicialmente desenvolveu-se na Região o cultivo da cana-de-açúcar e a criação de gado bovino. O trabalho dos jesuítas foi de extrema importância para o desenvolvimento do Rio de Janeiro. Além das obras de engenharia que realizaram, como a abertura de canais e a construção de diques e pontes para a regularização do rio Guandu, o escoamento dos produtos da Fazenda Santa Cruz, oriundos do cultivo da cana-de-açúcar e da produção de carne bovina, era feito através da Estrada da Fazenda dos Jesuítas, posteriormente Estrada Real da Fazenda de Santa Cruz, que ia até São Cristóvão e se interligava com outros caminhos e vias fluviais que chegavam até o centro da Cidade.

Do final do século XVI até meados do XVIII, a ocupação territorial da Região foi lenta, apesar do intenso trabalho dos jesuítas, encerrado quando foram expulsos do País pelo Marquês de Pombal, em 1759. Para avaliar sua importância econômica, no ano da expropriação de suas terras, em Santa Cruz, os padres possuíam 22 currais com aproximadamente oito mil cabeças de gado e 1.200 cavalos. Os religiosos deixaram obras de engenharia de vulto como estradas, pontes e inúmeros canais de captação de água para irrigação, drenagem e contenção da planície, sempre sujeita às enchentes dos rios Guandu e Itaguaí.

Entre 1760 e 1770, na antiga Fazenda do Mendanha, o padre Antônio Couto da Fonseca plantou as primeiras mudas de café, que floresceram de forma extraordinária, com mudas originárias das plantadas em 1744 no convento dos padres barbadinhos. Os historiadores apontam a partir daí o desenvolvimento que a cultura cafeeira teve em todo o Estado no século XIX, espalhando-se pelo Vale do Paraíba aos contrafortes da Serra do Mar, atingindo, em sua expansão, a província de Minas Gerais.

Como a Região era uma área nitidamente rural, os aglomerados humanos formados durante quase três séculos ficaram restritos às proximidades das fazendas e engenhos e às pequenas vilas de pescadores, ao longo da costa. Já no final do século XVIII, a Freguesia de Campo Grande começou a prosperar.

Seu desenvolvimento urbano ocorreu a partir do núcleo formado no entorno da Igreja de N. Sa. do Desterro, cuja atração era a oferta de água do poço que existia perto da igreja. Em Campo Grande, a exemplo do que ocorreu em toda a Cidade, o abastecimento público de água foi um fator de atração e desenvolvimento. Foi tão importante para a Região que se firmou um acordo garantindo a venda, pelo povoado de Campo Grande para o de Santa Cruz, das cachoeiras dos rios do Prata e Mendanha, com a condição de que as águas continuassem a abastecer o bairro.
Durante todo o século XVIII a ocupação territorial mais efetiva ocorreu em Santa Cruz, por causa do engenho dos jesuítas, e nas proximidades do centro de Campo Grande, cujas terras compreendem hoje as regiões de Bangu e Jacarepaguá. Essas terras eram atravessadas pela Estrada dos Jesuítas, mais tarde Estrada Real de Santa Cruz - que ia até São Cristóvão - e pelas vias hidrográficas da extensa Freguesia de Irajá. Toda a área, na verdade, era uma única região, um imenso sertão pontilhado por alguns núcleos nos pontos de encontro das vias de acesso, em torno dos engenhos e nos pequenos portos fluviais.

A fazenda dos jesuítas era tão importante para o governo colonial que suas terras não foram postas em leilão, após a expropriação, tendo sido incorporadas ao patrimônio oficial e depois transformadas por D. João VI em Fazenda Real de Santa Cruz, após a transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808. Com a chegada da comitiva real, a cidade do Rio de Janeiro modificou-se muito e todas as regiões tipicamente rurais sofreram sua influência. As atividades econômicas e culturais aceleraram-se e a zona rural voltou-se para o abastecimento da Cidade e para os benefícios trazidos pela corte. Não houve, porém, uma aceleração do desenvolvimento da Região, que continuou a manter suas características rurais.

A partir da segunda metade do século XIX, a área começou a se adensar com a implantação, em 1878, de uma estação da Estrada de Ferro D. Pedro II, em Campo Grande. O transporte ferroviário foi, então, o vetor que transformou esta região tipicamente rural em urbana, ao facilitar o acesso - e, conseqüentemente, seu povoamento - ao centro da Cidade. Em 1894, a empresa particular Companhia de Carris Urbanos ganhou a concessão para explorar a linha de bondes à tração animal, possibilitando que as localidades mais distantes da Região fossem alcançadas, o que favoreceu o seu desenvolvimento urbano interno.

A partir de 1915, os bondes à tração animal foram substituídos pelos elétricos, permitindo maior mobilidade e integração entre os núcleos semi-urbanos já formados. Este evento acentuou o adensamento do bairro central de Campo Grande e estimulou o florescimento de um intenso comércio interno, de certa forma, independente. O bairro que, historicamente, já era o ponto de atração do crescimento da Região tornava-se agora sua mola propulsora, adquirindo características tipicamente urbanas.

Com as crises da cultura do café, iniciadas no final do século XIX e persistindo no século seguinte, durante a Primeira Guerra Mundial, até culminarem com a depressão que se seguiu ao colapso de Wall Street, em 1929, com suas conseqüências no comércio internacional estendendo-se à cotação do café, a Região voltou-se para uma nova atividade, a citricultura. Desde os primeiros anos do século XX e até os anos 40, Campo Grande foi considerada a grande região produtora de laranjas, o que lhe rendeu o nome de "Citrolândia".

Desde a segunda metade do século XIX já se configurava no País uma estrutura econômica voltada para o setor industrial, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas essa estrutura era extremamente dependente do modelo agrário-exportador da economia, além de afetada por outros fatores, como a inexistência de fontes de energia, o baixo nível de qualificação e recrutamento de mão-de-obra local e a concorrência dos produtos industrializados estrangeiros. Apesar desses entraves, até o início do século XX, uma forte atividade industrial - voltada para a fabricação de tecidos, calçados, mobiliário, bebidas, etc. - concentrava-se no Centro do Rio. Embora desde o começo do século XX a Região Campo Grande - até hoje zona de plantio, principalmente de coco, chuchu, aipim, batata doce e frutas - ainda fosse voltada para a plantação de laranjas, nessa época já se delineava a vocação industrial do lugar. Na última década do século XIX, a instalação da Fábrica Bangu e a implantação de unidades militares em Bangu e Realengo afetaram toda a Região, inclusive Campo Grande..

Durante o governo do presidente Washington Luis, na década de 1930, a Estrada Real foi incorporada à antiga Estrada Rio-São Paulo. Esse fato integrou Campo Grande ao tecido urbano da Cidade, acentuando seu adensamento. Logo após a Segunda Grande Guerra, em 1946, a abertura da grande Avenida Brasil, considerada por muitos a maior via urbana em extensão, aproximou ainda mais a Região do restante da Cidade.

Criada para escoar a produção das indústrias cariocas, a nova via não teve o fluxo esperado, durante a década de 1950. A criação da rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio a São Paulo, desviou o fluxo de mercadorias para outra direção e a Região ficou estagnada, em termos de adensamento e desenvolvimento industrial.

Em 1946, iniciou-se na Cidade, na região de Campo Grande, a avicultura industrial, atividade introduzida por Bartolomeu Rabelo, precisamente na Estrada do Mato Alto, em Guaratiba.
Por causa da beleza das praias locais, o turismo foi surgindo de forma natural. E a riqueza vinda do mar fez desenvolver a atividade pesqueira, com entrepostos em Barra e Pedra de Guaratiba. Em função disso, os dois bairros desenvolveram uma importante gastronomia típica, vocação localizada surgida espontaneamente.

A partir da década de 1960, surgiram os distritos industriais em Campo Grande e Santa Cruz, resultando na instalação de grandes empresas, como a siderúrgica Cosigua-Gerdau, a Michelin e a Vale-Sul, entre outras.

Historicamente, Campo Grande notabilizou-se por ter se desenvolvido de forma independente do resto da Cidade. É a Região mais populosa e com maior potencial de crescimento por diversas razões: situada nos limites do Município, foi favorecida desde os primórdios do nascimento do Rio de Janeiro por estradas que atravessaram sua planície; outros pontos positivos são os seus abundantes mananciais de água, as belas praias, a fertilidade de suas terras e, principalmente, a chegada de pessoas com vocação empreendedora. Iniciada com os jesuítas, essa vocação continuou com as culturas de café, de legumes e verduras, de laranjas, até à avicultura. Hoje, a Região apresenta grande potencial para o desenvolvimento de pólos de gastronomia e de turismo ecológico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Abreu, Mauricio de A, Evolução Urbana do Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, SMU/IPLANRIO, 3° Edição, 1997.
Lessa, Carlos, O Rio de Todos os Brasis, Editora Record, 2000.
Gerson , Brasil, História das Ruas do Rio, Lacerda & Editores, 5° Edição, definitiva e remodelada, 2000.
Pesquisa na Internet sobre a história dos bairros do Rio de Janeiro.


sexta-feira, julho 28, 2006

Para você pensar


Havia um menino que tinha um temperamento difícil. E quando questionado a cerca de suas palavras não medidas, ou de suas atitudes explosivas, afirmava ser ele assim mesmo e que não mudava. Seu pai, um homem sábio, deu-lhe um saco cheio de pregos e disse-lhe que cada vez que perdesse a “paciência” ou fizesse uma observação inconveniente com uma pessoa, pregasse um prego na cerca dos fundos de sua casa. No primeiro dia o menino pregou mais de trinta pregos na cerca. Com isso, o sábio pai lhe disse: Cada vez que você conseguir conter o seu temperamento, vá e retire um prego. Os dias foram passando e finalmente o menino pode contar a seu pai que não tinha mais pregos na cerca. O pai então pegou o filho pela mão, levou-o até a cerca, e disse-lhe: “Você fez bem meu filho, mas veja os buracos na cerca. A cerca nunca mais será a mesma. Quando você fere com palavras ou ação a alguém, ficam as cicatrizes. Não importa quantas vezes você diga que sente muito, a ferida continuará lá. Tenha muito cuidado para não ferir as pessoas que estão ao seu lado. Procure controlar o seu temperamento, para pregar pregos nas tábuas do coração de alguém que lhe queira bem”. Em nossos dias, temos inúmeras oportunidades para agir e falar. E sempre precisaremos de sabedoria para proceder corretamente de modo que estejamos sempre edificando ao nosso redor o amor (compreensão universal) que é o dom maior da convivência. Pois é em palavras que demonstraremos sempre quem somos, como estamos e como seremos. 

Texto retirado da Revista Natural, agosto, 2005.

História da Polícia Militar do Rio de Janeiro

No início do século passado, como conseqüência da campanha Napolêonica de conquista do continente europeu, a Família Real portuguesa, juntamente com sua corte, decidem mudar-se para o Brasil. Aqui chegando, a Corte instalou-se no Rio de Janeiro iniciando a reorganização do Estado no dia 11 de março de 1808, com a nomeação de Ministros.

A segurança pública na época era executada pelos chamados "quadrilheiros", grupo formado pelo reino português para patrulhar as cidades e vilas daquele país, e que foi estendido ao Brasil colonial. Eles eram responsáveis pelo policiamento das 75 ruas e alamedas da cidade. Com a chegada dessa "nova população", os quadrilheiros não eram mais suficientes para fazer a proteção da Corte, então com cerca de 60.000 pessoas, sendo mais da metade escravos.

Em 13 de maio de 1809, dia do aniversário do Príncipe Regente, D. João criou a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia da Corte, formada por 218 guardas com armas e trajes idênticos aos da Guarda Real Portuguesa. Era composta por um Estado-Maior, 3 regimentos de Infantaria, um de Artilharia e um esquadrão de Cavalaria. Seu primeiro comandante foi José Maria Rebello de Andrade Vasconcellos e Souza, ex-capitão da Guarda de Portugal. Como seu auxiliar foi escolhido um brasileiro nato, Major de Milícias Miguel Nunes Vidigal.

A Divisão Militar teve participação decisiva em momentos importantes da história brasileira como, por exemplo, na Independência do país. No início de 1822, com o retorno de D. João VI a Portugal, começaram as articulações para tornar o Brasil um país independente. A Guarda Real de Polícia, ao lado da princesa D. Leopoldina e o Ministro José Bonifácio de Andrade e Silva, manteve a ordem pública na cidade de forma coesa e fiel ao então príncipe D. Pedro, enquanto ele viajava às terras do atual estado de São Paulo.

Outro fato histórico que teve participação importante da Divisão Militar da Guarda Real de Polícia de Corte foi o conflito iniciado em 1865 contra o Paraguai. O Brasil formou com Uruguai e a Argentina a chamada Tríplice Aliança. Na época não tínhamos um contigente militar suficiente para combater os quase 80 mil soldados paraguaios. O governo brasileiro se viu forçado, então, a criar os chamados "Corpos de Voluntários da Pátria". Em 10 de julho, partiram 510 oficiais e praças do Quartel dos Barbonos da Corte, local onde hoje está o situado Quartel General da Polícia Militar. A este grupo foi dado o nome de 31º Corpo de Voluntários da Pátria, atual denominação do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da corporação. A participação deste grupo foi vitoriosa em todas as batalhas das quais tomou parte: Tuiuti, Esteiro Belaco, Estabelecimento, Sucubii, Lomas Valentinas e Avaí.

No dia 15 de novembro de 1889, o Corpo Militar da Polícia da Corte teve destacada participação no apoio ao Marechal Floriano Peixoto, considerado o consolidador dos anseios de proclamação da República. Ao alvorecer daquela data, uma tropa ficou a postos na Praça da Aclamação ( hoje Praça da República/Campo de Santana ), onde os republicanos estavam reunidos, para garantir a efetivação do desejo popular.

Em toda sua história, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro já teve 12 diferentes nomes. Em 1960, a capital do país foi transferida para Brasília e a cidade do Rio de Janeiro passou a ter o nome de Estado da Guanabara. Até então a instituição era denominada Polícia Militar do Distrito Federal e passou a ser chamada Polícia Militar do Estado da Guanabara.

No restante do estado a corporação passou a ter o nome de Polícia Militar do Rio de Janeiro. Em 1975, o Governo Federal decidiu reunir os dois estados. A nova unidade da federação recebeu o nome de Estado do Rio de Janeiro e, conseqüentemente, fundiram-se, também, as duas corporações policiais militares. Surgiu então, a atual denominação: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro."

Fonte:
www.policiamilitar.rj.gov.br/cpm_his.htm

domingo, julho 23, 2006

História da Região de Irajá - RJ

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A Região de Irajá, com seus atuais oito bairros, teve origem na mais extensa das sesmarias doadas pela Coroa Portuguesa aos primeiros colonizadores. Em 1568, as terras, mais tarde transformadas em fazendas, foram doadas a Antonio de França, que ali fundou o Engenho de Nossa Senhora da Ajuda, marco histórico inicial de todos os bairros da Região e também dos subúrbios cariocas.

Entre seus primeiros proprietários está o padre Antonio Martins Loureiro, que recebeu uma grande porção das terras em 02 de abril de 1613. Mas foi o jesuíta Gaspar da Costa, primeiro donatário da Região, que ergueu a então Capela Barroca de Irajá, no período compreendido entre abril e dezembro de 1613.

Em 1625, a Sesmaria de Irajá ou, como era chamada na época, o Campo de Irajá, cobrindo uma vasta área que ia desde os bairros que hoje pertencem à Região Centro até os da Região Campo Grande, foi reconhecido como pertencente à Câmara Municipal.

Em dezembro de 1644, o filho de Gaspar da Costa iniciou as transformações necessárias à Capela Barroca de Irajá, criando a Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, confirmada por alvará de D. João IV em 10 de fevereiro de 1647, tornando-se seu primeiro vigário.

Irajá, que em tupi-guarani significa o mel brota ou se produz, foi a primeira grande região produtora da Cidade. Possuía um clima agradável, sítios de beleza incomum e como se situava numa planície, era propícia ao plantio de cana-de-açúcar e à criação de gado. O desmatamento foi o ponto de partida da atividade produtiva, para atender à construção das edificações coloniais e para o posterior cultivo da cana-de-açúcar. Com o passar do tempo, a Região revelou-se uma grande fonte abastecedora da Cidade - de frutas, hortaliças, aguardente e produtos básicos para construção, estes oriundos de suas olarias e caieiras.

Menos de cem anos depois da fundação da Cidade, foi instituída como Freguesia, tornando-se a segunda da Cidade e a maior de todas em extensão de terra, dando mostras da importância que já tinha para a administração do governo colonial. Embora o Rio de Janeiro ainda não passasse de um pequeno núcleo urbano, o território da Freguesia de Irajá estendia-se de São Cristóvão à Santa Cruz. Os terrenos de Jacarepaguá, Campo Grande e Engenho Velho pertenceram ao território da Freguesia de N. S. da Apresentação de Irajá até 1792.

O prédio da Igreja de N. S. da Apresentação tinha originalmente sete altares. Entretanto, sofreu modificações no século XVIII, ganhando suas feições atuais. Era a Matriz de toda a zona rural carioca. Essa igreja e a do Santuário Mariano de Nossa Senhora da Penha de França, do século XIX, conhecida como Igreja da Penha, são as construções com maior peso histórico, pois foi a partir delas que a Região se desenvolveu e se consolidou com características puramente urbanas.

Existem também amplas referências a respeito das velhas fortificações que defenderam a Fazenda Irajá, em pontos estrategicamente situados de modo a evitar possíveis incursões de índios, escravos de outras terras ou aventureiros e estrangeiros que ali surgissem em busca de conquista fáceis. Na Penha, um desses fortes se mantinha alerta diante das possíveis surpresas vindas do mar.

Em Campinho e Jacarepaguá, fortificações guardavam as estradas que vinham de Guaratiba, onde mais tarde o francês Duclerc conseguiu desembarcar, invadindo a Cidade de surpresa no início do século XVIII. Fracassando em sua incursão, ele foi sucedido por Duguay-Trouin, que invadiu a Cidade trazendo inúmeros navios e considerável poder de fogo.

Ambos defrontaram-se com um herói nacional, Bento de Amaral, brasileiro que repeliu vitoriosamente a invasão do primeiro - Jean François Duclerc, corsário francês que, à frente de uma expedição, atacou o Rio de Janeiro em 1710, conseguindo penetrar na Cidade. Encontrou, porém, corajosa e determinada resistência da parte dos estudantes e paisanos armados, capitaneados pelo professor Bento de Amaral, terminando por refugiar-se no trapiche [armazém onde eram guardadas mercadorias desembarcadas ou para embarque, junto ao cais] da Cidade, onde foi encurralado e obrigado a render-se.

Todavia, Bento de Amaral não obteve o mesmo êxito no ano seguinte, sucumbindo no combate contra as poderosas forças de Duguay-Trouin, que em 1711 invadiu o Rio de Janeiro com 17 navios e 5.764 marinheiros e soldados. Em 1970, quando das escavações para a construção da Usina de Reciclagem, em área localizada na XIV Região Administrativa de Irajá, foram descobertos dois canhões utilizados no século XVIII para guarnecer a retaguarda da Cidade, após as invasões francesas.

No século XVIII, a área já possuía grande número de fazendas, e entre 1775 e 1779, o Campo de Irajá abrigava 13 engenhos de açúcar. A Região era grande produtora de aguardente, frutas e hortaliças, além de tijolos e telhas produzidos pelas olarias. Abastecia a Cidade através do Portinho de Irajá, na foz do então navegável rio do mesmo nome, pelo canal do rio Meriti e por inúmeros canais secundários que levavam à Baía de Guanabara.

Irajá nunca produziu café, apenas cana-de-açúcar e produtos hortigranjeiros como banana, laranja, manga, amora, couve, alface, agrião, chicória, cebolinha, entre outros. Também possuía, ao longo da atual avenida Monsenhor Félix, inúmeras árvores de pau-brasil. Essa foi, portanto, a sua primeira vocação: produtora de gêneros alimentícios e materiais de construção para o abastecimento da Cidade e simultaneamente, o centro do transporte e escoamento da produção da Região.

A partir de 1661, pouco depois de se institucionalizar como Freguesia, Irajá começou a ser desmembrada, dando origem a inúmeras freguesias rurais que, mais tarde, antes mesmo da divisão em distritos de 1867, se transformaram em bairros: Jacarepaguá, desmembrado em 06 de março de 1661; Campo Grande, desmembrado em 1673; Inhaúma, em 27 de janeiro de 1743, e Engenho Velho, em 1795. Muito mais tarde, já no século XX, Realengo e Anchieta, em 1926, e Penha, Pavuna e Piedade, em 1932. Mais recentemente, Vista Alegre, bairro atualmente integrado à Região. Desse modo, a Região Irajá pode ser considerada o berço dos subúrbios cariocas.

Com a proclamação da Independência do Brasil, em 1822, os rumores de uma esquadra partindo de Lisboa com destino ao Brasil fizeram recear ataques contra o Rio de Janeiro. Confiante quanto às defesas da barra, o governo tinha entretanto viva a memória do desembarque de Duclerc em 1710 em Guaratiba, ponto de vital importância logística por sua proximidade com a fazenda de Santa Cruz.

Aconselhado a proceder à fortificação dos pontos de comunicação entre a Corte e o litoral sul, o Imperador realizou inúmeras obras de defesa nas praias, estendendo-se as mesmas de Copacabana à Ilha de São Sebastião, sendo a principal o Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho, armado com nove canhões e em excelente posição no chamado Desfiladeiro de Irajá, pois dominava, com o auxílio de baterias nas montanhas fronteiras, a estrada da Pavuna e a junção de Santa Cruz e de Jacarepaguá, caminho direto de Guaratiba. O forte e suas baterias auxiliares só foram desativados em 1831.

No século XIX, a área começou a se modificar. Os núcleos sub-urbanos, que desde o século XVI se formavam no entorno das igrejas e nas proximidades das fazendas, começaram a se adensar, devido principalmente ao comércio de mercadorias, que utilizava as vias fluvial e marítima e, posteriormente, as estradas de ferro. O processo de urbanização ampliou-se, firmando-se nos subúrbios cariocas com a promulgação da Lei de Terras de 1850, que permitia a aquisição de pequenos lotes por parte dos posseiros, possibilitando o fracionamento das grandes fazendas coloniais.

Em 1867 foi concretizada uma divisão, muito contestada na época, visando criar melhores condições de administração dos povoados que iam surgindo. Conforme dados de então, a população total da Freguesia de Irajá somava 4.500 indivíduos: "1200 nacionais de sexo masculino de todas as idades; 1000 do sexo feminino de todas as idades; 1700 escravos e 600 estrangeiros". Vinte e três anos depois, em 1890, a Freguesia já contava com aproximadamente 14.000 habitantes.

Historicamente, a Região Irajá foi marcada por três épocas distintas. A primeira -tipicamente rural - vai do século XVI até princípios do século XIX, quando é o primeiro celeiro abastecedor de produtos agrícolas da Cidade, tendo como vetor de crescimento o transporte por via fluvial e marítima. A segunda - marcada pela formação de núcleos sub-urbanos - vai do início até meados do século XIX, em função das igrejas e dos locais de comércio surgidos por força da intensificação do transporte das mercadorias. Na terceira - quando assume feições urbanas - vai da segunda metade do século XIX em diante, tendo como vetor o transporte ferroviário, principalmente as estradas auxiliares Rio D'Ouro e Northern, posteriormente incorporadas à malha ferroviária da Central do Brasil.

Com a implantação das linhas das estradas de ferro Northern, em 1886, e Rio D'Ouro, na época da Proclamação da República, braços estendidos do eixo principal da atual Central do Brasil, os núcleos sub-urbanos ganham população e formam-se pontos de comércio nas proximidades das igrejas mais importantes. A Estrada de Ferro Rio D'Douro foi criada para transportar trabalhadores e materiais para a primeira grande obra de abastecimento de água encanada do Brasil: oriunda dos mananciais da Serra de Tinguá, em Nova Iguaçu, destinava-se a abastecer a crescente demanda nos chafarizes e caixas d' água da Cidade.

O grande número de trabalhadores empregados na obra foi determinante para a ocupação da área. Gradativamente, passaram a construir barracos em terrenos localizados nas proximidades das paradas dos trens, dando origem a pequenas aglomerações. Os loteamentos criados pela fragmentação das chácaras e fazendas fizeram surgir, ao longo da Linha Auxiliar e da Rio D'Ouro, localidades conhecidas atualmente como Vicente de Carvalho, Triagem e Colégio, entre outras. Já a Estrada de Ferro Leopoldina favoreceu a ocupação de alguns dos bairros mais tradicionais da Região, como Irajá e Penha.

Entre 1870 e 1890, a Cidade começa a receber crescente contingente de população constituída por escravos livres e imigrantes, devido principalmente à crise na produção cafeeira. O processo de loteamento se intensifica, sobretudo nas terras do entorno das linhas férreas. São loteamentos promovidos por particulares, sem a intermediação do Estado, incentivados pela presença das concessionárias de serviços públicos, como transporte coletivo e iluminação, dois dos grandes vetores da expansão urbana da Cidade.

Com a reforma urbana promovida pelo prefeito Pereira Passos resultando na demolição de inúmeros cortiços no Centro, no começo do século XX, um grande contingente de pessoas se desloca para os subúrbios, gerando um processo de urbanização que se instala de forma decisiva na Região. A intervenção de Passos acentua uma estratificação social sem precedentes na história da Cidade, separando definitivamente as áreas mais privilegiadas - Centro, Zona Sul e Tijuca - dos subúrbios.

Parte da população expulsa passa a ocupar os morros próximos à área central e aos bairros mais nobres, desmatando encostas e construindo sobre terrenos precários barracos de madeira cobertos por telhas de zinco, originando as favelas. Outra parte segue para os subúrbios. O desenvolvimento da Cidade explicita-se em forças divergentes, expondo agudos contrastes sociais: de um lado, há um acentuado crescimento organizado dos bairros mais ricos; do outro, uma ocupação desordenada dos morros e dos bairros proletários.
Entre 1906 e 1920, a Região apresenta o maior incremento demográfico da Cidade: 263%. No século XX, a atual Região Irajá é marcada por grande número de novos loteamentos, principalmente na década de 20. A eclosão da Primeira Guerra Mundial acentua o processo de industrialização dos subúrbios cariocas, garantindo a urbanização dos núcleos ocupados ao longo das ferrovias. Na década seguinte, ocorre a ocupação efetiva no eixo da Avenida Monsenhor Félix até o Largo da Freguesia de Irajá.
Entre 1940/50, a expansão mantém-se lenta porém contínua, acompanhando uma progressiva melhoria nas vias de acesso. Durante o Estado Novo, com a abertura da Avenida Brasil, a ocupação segue o trajeto da extensa via. A partir da década de 60, o crescimento urbano intensifica-se, em função da onda de industrialização, acentuando-se também um processo de favelização, principalmente no eixo da Avenida Brasil. A política habitacional do governador Carlos Lacerda, nessa década, passa a concentrar grande número de conjuntos habitacionais na área. A região abriga hoje o maior número de moradias desse tipo na Cidade.

Na década de 70, o desenvolvimento é contínuo e, a partir de 1980, a Região apresenta crescimento vertiginoso sob todos os aspectos. Bairros como Vila da Penha e Colégio despertam o interesse de inúmeras empresas imobiliárias, que promovem atualmente um crescente número de novos empreendimentos, lançando ali novas unidades residenciais: o primeiro bairro recebeu 129 unidades, no ano passado, e o segundo, 192 até março deste ano, conforme dados divulgados pelo Sindicato das Indústrias de Construção Civil - Sinduscon-Rio/Detec. Considerada o berço dos subúrbios cariocas, a Região Irajá cresce, conhece o próprio potencial e identifica, cada vez mais, sua vocação.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
Abreu, Mauricio de Almeida, Evolução Urbana do Rio de Janeiro.
Brasil, Gerson, História das Ruas do Rio de Janeiro.
Coroacy, Vivaldo, Memórias da Cidade do Rio de Janeiro.
Delta Larousse, Grande Enciclopédia.
Macedo, Joaquim Manuel de, Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro.
Pesquisa realizada na Internet sobre a história dos bairros.

terça-feira, julho 18, 2006

Hei! Você!

Hei! Você!
Você aí do outro lado!
Feche seus olhos por alguns segundos
Feche...
Não tenha medo!


Olhe dentro de você
Veja que pessoa linda!
Abra seus olhos bem devagar
Veja o que quero lhe falar:

Abra sua janela:
Olhe o sol se ainda for dia
Mas se for noite, olhe a lua
Veja que linda magia
E se encha de energia pura

Olhe novamente pra você
Mas agora de olhos abertos
Olhe, e ouça o que quero lhe dizer:
Você é dádiva por certo

Agradeça por suas mãos
Por sentir o pulsar do coração
Veja como a vida é linda
É pura magia e paixão

Hei você!
Se estiver triste, mande a tristeza embora
Alegre-se, olhe ao seu redor e lá fora
Veja que belo é o viver
Sorria logo, sem demora

Hei você!
Só vim lhe trazer essa poesia
Para te desejar boas férias!

Infelizmente ainda estamos perdidos...

Estamos perdidos há muito tempo...

O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido.

Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram.

A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido!
Algum opositor do atual governo? Não!

Obs: O escritor Eça de Queirós escreveu isto em 1871.

Uma pequena história do Carnaval

De origem polêmica, o Carnaval lembra algumas festas primitivas de caráter orgíaco, comemorando a chegada da primavera por ocasião de rituais agrários da Antiguidade, que datam de 10 mil anos antes de Cristo. Onde homens e mulheres pintavam seus rostos e corpos enlevando-se pela dança, pela festa e pela embriaguez.

Seguindo-se a estas, as alegres festas no Egito cultuando a deusa Ísis a 2 mil anos antes de Cristo.

Festa popular coletiva, transmitida oralmente por séculos, como herança das festas pagãs realizadas a 17 de setembro (Saturnais – em honra ao deus Saturno, mitologia grega) e 15 de fevereiro (Lupercais – em honra ao deus Pã; Bacanais ou Dionísicas – em honra a Baco, grego ou Dionísio, romano).

No início da Era Cristã, a Igreja Católica deu nova orientação a essas festividades, punindo severamente os abusos. Em exercício de tolerância ao Carnaval, tudo indica que foi nesse período que se deu sua anexação ao calendário religioso, pois o Carnaval antecede a Quaresma. Ou seja, uma festa de características pagãs que termina em penitência, na dor de Quarta-feira de Cinzas.

O Papa Paulo II, no século XV, introduziu o baile de máscaras que era sucesso na Corte de Carlos VI.

E por sua vez, o Carnaval brasileiro tem origem européia desde a colonização portuguesa, com o desembarque do entrudo, em 1641 (do latim “entrada”, “começo”), como se chamavam as solenidades que davam início a Quaresma e das máscaras italianas.

Os primeiros foliões vindos nas caravelas portuguesas eram bastante selvagens no seu procedimento, dando margem a muita violência.

Com o passar do tempo, devido a insistentes protestos, o entrudo civilizou-se. Substituindo as substâncias grosseiras que os foliões lançavam contra pessoas desavisadas por confetes, serpentinas e limões de cheiro que serão os precursores dos lança-perfumes introduzidos em 1885, nos bailes e na rua. E as escolas de samba irão surgir na década de 20 do século passado, incluindo nos seus desfiles elementos da cultura africana.

“E viva o Zé Pereira
Pois que ninguém faz mal
Viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval“. (Não que eu concorde...)

Autor: Adinalzir Pereira Lamego

sábado, julho 01, 2006

Cacau: da América para o mundo


Chocolate branco, amargo, meio amargo, ao leite. As variedades são tantas que com a proximidade da Páscoa, a dúvida em escolher o preferido é muito grande. 

Mas antes de fazer a sua escolha que tal conhecermos a origem do cacau?


Antes da chegada dos conquistadores espanhóis na América,astecas e maias já utilizavam o fruto sagrado e dele produziam um líquido amargo e escuro ao qual chamavam tchocolatl. Além de servir como alimento, o fruto do cacaueiro era utilizado como moeda, tendo os astecas o convertido em base do seu sistema monetário.

Colombo, em 1502, foi um dos primeiros europeus a provar o sabor do chocolate e a iniciar sua difusão pela Europa. Já no século XVII viajantes introduziram-no na Alemanha, França e Itália, porém, foi o inglês John Cadbury, em 1842, quem fabricou pela primeira vez o chocolate sólido para comer. Hoje o chocolate, que é uma grande fonte de energia, faz a festa dos chocólatras dos quatro cantos do mundo.


Ficou com água na boca? Então vá até o mercado mais próximo e garanta o seu ovo de Páscoa! Opções não faltarão.

Fonte: Revista Galileu