sábado, dezembro 03, 2005

História do Cotidiano

Objetivo: Perceber que a História é construída não só pelos grandes nomes e acontecimentos, mas principalmente por pessoas comuns e pelos hábitos e rituais do dia-a-dia

Como chegar lá:

Identifique no cotidiano elementos que ajudem a compreender a dinâmica, as crenças e o legado dos diferentes grupos humanos. Você tem acesso a esses elementos em livros, quadros, fotografias — e também à sua volta, em casas antigas, roupas de outras épocas, receitas de comida etc. Extraia dessas fontes o maior número de informações possível, para depois emendá-las, relacioná-las e generalizá-las

Dica:

Não encare o cotidiano como curiosidade. O ideal é ampliá-lo, conectando os vários fragmentos para obter uma visão estruturada da realidade. Veja-o como ponto de partida, não de chegada

História do Cotidiano

Paulo é um adepto da chamada História do Cotidiano, corrente nascida na França na década de 1960 e que é cada vez mais valorizada. A proposta é simples: enxergar a realidade sob a perspectiva das pessoas comuns e das práticas, hábitos e rituais que caracterizam o dia-a-dia delas, tirando o foco dos grandes nomes e acontecimentos políticos e econômicos e voltando-o para a riqueza que está próxima de todos, impregnada pela aparente banalidade do cotidiano. Investigar, por exemplo, como os cidadãos viviam, namoravam, noivavam e casavam, moravam, se divertiam, eram educados, nasciam e morriam.

Para Eliete Toledo, autora de livros didáticos, a grande vantagem dessa abordagem é que ela envolve muito mais os alunos, principalmente os menores, funcionando como um facilitador para questões menos palpáveis, como a política e a economia: "Fica fácil chegar a esses temas — que não fazem parte do universo deles — quando partimos de algo familiar."

Além disso, essa é a melhor forma de mostrar que a História é feita por todas as pessoas, em todos os momentos da vida — não apenas quando uns poucos participam de feitos extraordinários. "Esse viés consolida o estudo dos grupos anônimos (operários, crianças, quilombolas...), iluminando aspectos da vida deles que até então não eram vistos", diz a historiadora Mary Del Priori.

"A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas, nas ruas de subúrbios, nas casas de jogos, nos prostíbulos, nos colégios, nas usinas, nos namoros de esquinas".

Ferreira Gullar

Postado neste blog por Adinalzir Pereira Lamego