sexta-feira, novembro 26, 2010

Violência no Rio de Janeiro: O que a História tem a dizer?

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Numa ação ousada, envolvendo centenas de policiais com o apoio da Marinha do Brasil, do Exército e da Polícia Federal, o Rio de Janeiro está dando uma resposta ao tráfico que entra para a história da cidade e do Brasil como uma das mais importantes dos últimos anos. Com ela, cai por terra um mito, de que os grandes complexos de favelas da cidade, como a Penha e o Alemão, eram territórios do tráfico, onde nem mesmo a polícia entrava.

Infelizmente, esse não é um assunto novo. Prova disso é a capa da Revista de História da Biblioteca Nacional de outubro de 2007, que perguntava "O que a História tem a dizer?" sobre o problema da violência. Em um dossiê, com nove artigos, foi contado diversos aspectos que podem explicar, ou pelo menos, contextualizar a questão. Porque o problema da criminalização dessas áreas, como é fácil entender, não nasceu recentemente.


O artigo da professora Myrian Sepúlveda dos Santos, da Uerj, por exemplo, abordava o relato de antigos detentos e funcionários do presídio da Ilha Grande, em Mangaratiba, litoral Sul Fluminense, onde, durante a ditadura militar, foram colocados lado a lado prisioneiros políticos e comuns.


"Nos anos mais severos da ditadura militar, a estratégia da repressão foi criminalizar os presos políticos. Nelson Rodrigues Filho e muitos outros militantes de esquerda que lutavam contra a ditadura militar foram enviados para o Instituto Penal Cândido Mendes, penitenciária de segurança máxima que ocupava as instalações da antiga Colônia Agrícola", escreve ela. "'Quase dois irmãos', filme de Lúcia Murat realizado em 2005, descreve a convivência entre comunistas e assaltantes de banco, todos submetidos à Lei de Segurança Nacional.”


Discriminação em favelas, sempre houve


Já o historiador Romulo Costa Mattos escreveu sobre como as favelas sempre foram discriminadas. Ele relata, logo no início de seu artigo, uma situação que parece ter saído dos jornais de hoje em dia.
"É o lugar onde reside a maior parte dos valentes da nossa terra, e que, exatamente por isso - por ser o esconderijo de gente disposta a matar, por qualquer motivo, ou, até mesmo, sem motivo algum - , não tem o menor respeito ao Código Penal nem à Polícia, que também, honra lhe seja feita, não vai lá, senão nos grandes dias do endemoninhado vilarejo." O trecho se refere ao Morro da Favela, considerada uma das primeiras favelas do Brasil, e foi publicado no jornal "Correio da Manhã" em 5 de julho de 1909. Há mais de um século.

"Essa reportagem mostra que a percepção social da violência urbana nas favelas vem de muito tempo, assim como o estigma imposto aos seus habitantes", escreve ele. "Pelo menos desde a década de 1900, os moradores das favelas são comumente vistos como grandes promotores da criminalidade na cidade do Rio de Janeiro. Ainda mais antiga é a idéia de que as moradias populares em geral seriam prejudiciais à ordem pública."
A edição do "Correio..." ainda afirmava que "a Favela (...) é a aldeia do mal", além de ser a "aldeia da morte". A partir daí, cria argumentos para tirar todo e qualquer direito dos moradores dessas áreas. "Enfim, e por isso, por lhe parecer que essa gente não tem deveres nem direitos em face da lei, a polícia não cogita de vigilância sobre ela".

O nascimento da Cidade de Deus


A antropóloga Alba Zaluar conta a história de uma das mais famosas favelas cariocas: a Cidade de Deus. Ela conta a história da remoção das aglomerações pobres na parte rica da cidade e lembra de como foi traumático o processo, "que os obrigou a deixar para trás empregos, vizinhos, amigos, associações vicinais e seus precários barracos de então", lembrando que, nessa época, "a Cidade de Deus não tinha iluminação pública nem rede de transporte eficiente". O resultado não é difícil de se prever.


"Em 1980, os jovens da Cidade de Deus já falavam em fuzis e três-oitões com orgulho inconsequente", escreve ela. "Quanto mais mortífera e cara a arma, mais admiração passava a despertar nos colegas e vizinhos por causa do poder que se associava a ela. Mais do que consideração ou reconhecimento, era e é uma questão de poder: e para garanti-lo, era e é preciso usar a arma. Eliminar membros de quadrilhas ou comandos inimigos com esses instrumentos da morte aumenta esse poder, que se baseia no medo e no respeito pelo matador. Estava criado um estilo de masculinidade violento e cruel, que matará milhares de jovens nas décadas seguintes."


As imagens e os fatos que estamos vendo na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, comprovam tudo isso.
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sábado, novembro 20, 2010

Uma mulher na presidência

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Mesmo já passada as eleições, trago aqui uma excelente contribuição do Prof. Josimar, do blog Remexendo o Passado. Suas palavras sintetizam tudo o que eu já pensava sobre a Dilma e a política. Agora é só torcer pelo sucesso da primeira mulher, na Presidência do Brasil.

"31 de outubro de 2010, uma data marcada por um grande feito na História do Brasil. Uma mulher foi escolhida democraticamente para comandar o maior país da América do Sul. Dilma Rousseff assume a presidência do Brasil no dia 1º de janeiro de 2011. Eleita com 56% dos votos válidos do 2º turno, Dilma derrota o candidato do PSDB, José Serra.

É interessante destacar que a disputa entre PSDB e PT pelo cargo mais importante do país vem acontecendo desde 1994, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) derrotou o candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT), tendo repetido essa situação na eleição de 1998. Já na disputa de 2002, Lula derrotou no 2º turno o candidato Serra (PSDB) e nas eleições seguintes (2006), venceu Geraldo Alckmin (PSDB) já no 1º turno. Impossibilitado de concorrer novamente ao cargo de presidente, Lula indica em 2010 a Ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que se torna então sua sucessora, sendo a primeira vez que um homem fará a transferência da faixa presidencial a uma mulher, a presidenta da República Federativa do Brasil.

Uma mulher na presidência representa a expressividade da renovação, a ousadia de querer mudança, mesmo que a metodologia de governo siga uma "continuidade", significa também que a sociedade não enxerga mais através de lentes machistas e preconceituosas e nem age mais por meio de pensamentos embasados no conservadorismo. E o mais importante disso, significa que a voz do povo foi ouvida. A democracia foi soberana."

Diante de tudo isso, esperamos que Dilma tenha sucesso no seu mandato e honre os votos que os seus eleitores a ela confiaram e principalmente que suas promessas sejam cumpridas.
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sábado, novembro 13, 2010

O nosso Brasil antes da modernidade

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Antigamente, cada povo ou país se virava como podia antes que os aparelhos modernos se espalhassem pelo mundo. Veja aqui como os brasileiros viviam sem:

O Ferro elétrico

Se lavar roupas já dava trabalho, imagine deixá-las tão esticadas quanto mandava a moda do século 19. Antes da eletricidade, a maioria dos ferros tinha uma cavidade onde se colocavam brasas quentes. Outros, nem isso, e era preciso esquentá-los direto no fogo, repetindo a operação sempre que esfriava. Para deixar a roupa mais lisa, usava-se farinha de mandioca e água para fazer uma espécie de grude fino que ficou conhecido como goma (daí a expressão “engomar a roupa”). Depois de seca, a peça era mergulhada em uma bacia que continha água e um pouco da goma e colocada ao sol novamente. Algumas mulheres também espalhavam cera de vela para dar mais brilho aos vestidos.

A Geladeira

Quando o escritor brasileiro Mário Souto Maior chegou com um refrigerador a querosene em Bom Jardim, interior de Pernambuco, a cidade parou para ver. “Foi uma loucura. Todo mundo ia lá em casa só para olhar o aparelho”, afirma Carmem Souto Maior, viúva de Mário. Ela não se lembra bem da data, mas foi só a partir da década de 30 que as famílias brasileiras começaram a comprar geladeira importada dos Estados Unidos. A principal mudança na casa foi o tamanho da despensa. “Antes, ela era enorme. Havia várias mantas de carne-de-sol e cestas cheias de ovos. Muita coisa estragava e o estoque tinha de ser maior”, diz Carmem. A outra vantagem do refrigerador foi variar o cardápio. “Finalmente, dava para guardar a carne crua. Antes, o melhor jeito de conservar era assando. E eu não agüentava mais comer carne assada!”

O Telefone

Antes de os aparelhos de telefone se popularizarem, o que só ocorreu a partir da metade do século 20, transmitir recados era penoso e demorado. Quem podia, contratava um contínuo, uma espécie de office-boy do século passado. “Quando ficava trabalhando em casa, sem aparecer na repartição, o ministro queria o contínuo perto de si, pronto para receber, introduzir ou mandar embora os visitantes, ou levar à secretaria, rapidamente, qualquer ordem de sua excelência. Naquele tempo não havia telefone”, escreveu Arthur de Azevedo no conto As Barbas de Romualdo. O primeiro aparelho telefônico brasileiro foi instalado na residência de dom Pedro II, em 1877, apenas um ano depois de a invenção ser patenteada pelo escocês Alexander Graham Bell.

O Ventilador

O calor dos trópicos deve ter sido a maior motivação para a patente que Américo Cincinatto Lopes registrou no Rio de Janeiro, em 1883: um ventilador doméstico. De acordo com o livro A Vida Cotidiana no Brasil Nacional, editado pelo Centro de Memória da Eletricidade, da Eletrobrás, o registro de Lopes chegou seis anos antes do projeto de ventilador portátil que George Westinghouse desenvolveu nos Estados Unidos. Antes disso, o jeito mais comum de refrescar-se nas casas e ruas brasileiras era usando leques ou outros materiais para abanar. Ambientes muito grandes e fechados tornavam-se um problema para arquitetos. Quando construíram o Teatro da Paz, na capital do Pará, em 1868, os responsáveis tiveram de desenvolver um sistema de ventilação especial. Sem isso, seria impossível ver ou apresentar qualquer espetáculo no teatro cheio de gente em uma cidade tão quente quanto Belém. Assim, criou-se um ventilador manual que era movido sobre o forro. As saídas de ar foram localizadas embaixo das cadeiras. Também por causa do calor, os assentos não podiam ser de couro ou tecido e, por isso, foram feitos de palha.

Fontes: A Vida Cotidiana no Brasil Nacional, Org. Marilza Elizardo Brito, Centro de Memória da Eletricidade, 2001.

História da Vida Privada no Brasil, Volume 1, Vários autores, Companhia das Letras, 1998.

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quinta-feira, novembro 04, 2010

História e origem do azeite

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O uso do azeite é milenar, entretanto não se sabe com exatidão a sua origem. Ao lado da Videira, a Oliveira foi uma das primeiras arvores a ser cultivada há mais de 5.000 anos no Mediterrâneo Oriental e Ásia Menor.

A palavra azeite provém do vocábulo árabe "Az-zait" que significa sumo de azeitona. Os fenícios, sírios e armênios foram os primeiros povos a consumi-lo, cabendo aos gregos e romanos levá-lo para a Europa e o Ocidente, permanecendo por séculos restrito aos povos do Mediterrâneo.

No século XVI os espanhóis introduziram o azeite no Peru, Chile e México e no século XVIII nos EUA.
Através do site da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira - OLIVA saiba mais sobre esse óleo tão importante para a saúde de todos nós. Saiba mais também na Wikipédia.
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